segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Brasilienses anunciam apartamentos e casas na internet para o mundial de 2014

Correio Braziliense -

Valores chegam a mais de R$ 20 mil para 20 dias. Especialistas explicam como será a variação de preços e avisam: quem saiu na frente está agindo certo


Daniel de Jesus espera lucrar com a Copa: seu apartamento no Guará II já está anunciado à espera dos turistas

Alugar um apartamento de três ou quatro quartos no Guará II, hoje, custa algo em torno de R$ 1,5 mil e R$ 2 mil mensais — o equivalente a cerca de R$ 70 por dia. É um valor considerável, mas ínfimo se comparado ao preço cobrado por um imóvel semelhante na época da Copa do Mundo. Parece exercício de futurologia, mas se trata de valores praticados agora, a três anos do Mundial.

O servidor público Daniel de Jesus Ferreira é um dos brasilienses que resolveu ignorar o calendário e já anunciou seu imóvel para alugar na Copa do Mundo — afinal, lembra ele, Brasília vai sediar sete partidas, é a capital, ao lado do Rio, com o maior número de jogos.

E quem quiser alugar o apartamento de Daniel pode se preparar para desembolsar R$ 22 mil por 20 dias. Na ponta do lápis, cerca de R$ 1.300 diários, um montante 18 vezes maior que o cobrado hoje. A residência, justiça seja feita, tem lá suas regalias. O apartamento é uma cobertura na QE 40 no Guará II, tem quatro quartos, três banheiros, sala, cozinha, terraço, churrasqueira e até ofurô. Está localizado em um condomínio vertical com piscina, quadras de minigolfe e poliesportiva. Além disso, é próximo ao metrô, o que facilitaria a vida do torcedor que quiser chegar ao estádio rapidamente.

Por essas razões, Daniel acha o preço justo. “Eu vi que uma mulher do Rio de Janeiro estava alugando a cobertura dela para a Copa e pensei, ‘por que não?’. Pesquisei preços e decidi anunciar o meu”, conta. Daniel está tão adiantado no propósito de alugar que não esperou nem o apartamento ficar pronto. Isso mesmo: o prédio está em processo de finalização e só deve ser entregue no fim deste mês. “Eu comprei esta cobertura para morar. Vou mudar para lá quando ficar pronta e, na Copa do Mundo, saio para dar espaço aos que alugarem”, diz o rapaz, que pretende viajar na época.

Para agradar os hóspedes, o servidor público pensa em contratar um motorista que possa pegar os torcedores no aeroporto e levá-los também ao estádio. Na comunicação com os possíveis inquilinos gringos, ele diz se garantir no inglês, espanhol e está aprimorando o francês. A única preocupação diz respeito ao contrato de locação. “O contrato tem que ser especial, com pagamento adiantado, até porque são pessoas de fora, que não conheço.”

Segundo o vice-presidente do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), Ovídio Maia, Daniel tem razão. Quem pretende alugar um imóvel para o período da Copa do Mundo — e em qualquer outra ocasião, evidentemente — deve checar a procedência dos inquilinos. “Se for brasileiro, dá para pesquisar na CDL e no Serasa para ver quem é a pessoa. É importante a busca de informações antes de fechar contrato”, recomenda. Na hora de assinar o acordo, a ajuda de profissionais é sempre bem-vinda. “ É uma medida que ajuda quem está procurando o imóvel também. Nesta hora, vale boa-fé, equilíbrio e planejamento de ambas as partes.”

Como um hotel



A casa de Érika Nascimento conta com uma área de 300m2


A servidora pública Érika Nascimento, 41 anos, mora com o marido em uma casa no Condomínio Privê, no setor de mansões do Lago Norte. O lugar, de 300m², tem três quartos, sala, quintal com churrasqueira e ducha e está à disposição dos turistas na internet. Alugar a residência na época da Copa do Mundo significa um custo de R$ 1.500 por pessoa. Isso por dia.


O valor pedido, segundo Érika, também foi pesquisado na internet. “Vi algumas pessoas alugando em Belo Horizonte por esse preço. Conheço outras que até já fecharam contrato”, diz. Durante a estadia dos turistas/torcedores, ela oferecerá café da manhã, empregada, wi-fi, tevê a cabo e ainda uma van para traslado até o estádio. Assim como o servidor Daniel Ferreira, Érika vai sair de casa para dar lugar aos inquilinos temporários.


“Não tenho apego às coisas, não. Se quebrar, acontecer algo, a gente arruma depois. O dinheiro vai valer a pena. Temos que aproveitar a oportunidade”, diz. “É só ter cuidado na hora de fechar contrato. Eu vou procurar um advogado”, adianta.
Para ela, a Copa do Mundo em Brasília deve atrair muita gente por dois motivos: o fato de ser a capital do país e a quantidade de jogos a serem disputados aqui. “Já teve gente que me procurou e era aqui do Brasil mesmo”, conta a moça, que começou a anunciar sua casa na web em agosto.


Quem não tem uma casa inteira para alugar apela para a criatividade. A oferta da professora de patinação artística Nathália Gasparini, 25 anos, é de seu próprio quarto no apartamento em que vive com o irmão, na 303 Norte. “Peguei como exemplo a experiência de umas pessoas de Recife que alugam apartamento na época do carnaval. Chegam a cobrar 100 euros e conseguem alugar. Por que não ganhar dinheiro com isso, não é?”, raciocina a moça, que pensa em cobrar o mesmo valor na Copa. “O bom é que meu apartamento fica bem pertinho do estádio. A pessoa pode ir a pé, se quiser.”


Nathália pretende ficar no apartamento e dormir no quarto de hóspedes. Segundo a empreendedora de olho no futuro, uma maneira de controlar o que ocorrerá na sua casa.



Planejamento com (muita) antecedência

Para o diretor da Associação Brasileira de Negócios Imobiliários (ABNI), Pedro Fernandes, os imóveis serão as melhores alternativas para atender os turistas, já que a rede hoteleira, provavelmente, não será capaz de suportar a demanda. “As áreas mais procuradas serão as próximas do estádio: Setor Hoteleiro Sul, Asa Norte, Asa Sul e Sudoeste. Porém, como acreditamos que vai haver uma demanda grande, os outros locais também serão procurados”, comenta.

Na opinião de Pedro e do vice-presidente do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), Ovídio Maia, porém, ainda é muito cedo para prever quais serão os valores na época da Copa e como o mercado vai reagir à chegada dos turistas. “É uma situação nova para Brasília. É incomum esse tipo de locação temporária, algo mais recorrente em cidades praianas. Então, não há como saber”, diz Ovídio.

Pedro Fernandes argumenta que ainda não há valores altos ou baixos para o aluguel na época da Copa do Mundo, e o que definirá o preço é mesmo a demanda. “Sem dúvida, vai aumentar o preço. E estar perto do estádio ajuda a vender. Apartamentos de um quarto e flat já estão tendo uma procura grande e uma valorização. O preço subiu e as vendas estão aceleradas”, diz ele, referindo-se aos flats que custavam R$12 mil o metro quadrado e, agora, são vendidos por R$15 mil no Setor Hoteleiro e no começo da Asa Norte.

Apesar de considerar que a situação é meio imprevisível, Ovídio afirma que as pessoas que já estão colocando seus imóveis para aluguel não estão erradas. “Os estrangeiros costumam se planejar muito tempo antes quando vão viajar. Estamos tratando de um evento que já tem data, hora e local para acontecer. Então, as pessoas também podem se organizar antecipadamente para alugar seus imóveis”, diz.



Saiba maisRio de Janeiro e Brasília são as cidades que receberão mais jogos da Copa do Mundo de 2014: sete partidas no total. A capital do país assistirá à Seleção Brasileira no jogo decisivo da fase de grupos, em 23 de junho de 2014, e ainda recebe um confronto das oitavas de final (em 28 de junho) e um das quartas de final (em 5 de julho). A partida que decidirá o terceiro e o quarto lugar também ocorre no Estádio Nacional. Além do Brasil, os torcedores que estiverem em Brasília acompanharão, na primeira fase, outras duas seleções cabeça de chave
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