quarta-feira, 14 de março de 2012

Desaceleração previsível da atividade imobiliária

O Estado de S.Paulo

Em 2011, as vendas de imóveis residenciais em São Paulo diminuíram 21,1%, em número de unidades, e 15,2%, em valor, em relação a 2010, segundo o sindicato da habitação (Secovi). Foram os piores resultados desde 2005, mas, numa perspectiva de mais longo prazo, o que ocorreu foi uma forte acomodação após o crescimento acelerado de 2010. E pode-se considerar como um fato positivo, dada a característica de demandar capitais elevados, sujeitos aos riscos de mercado.

Estudos do economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, confirmam a acomodação: o valor dos imóveis comercializados em 2011 (R$ 13,3 bilhões) é semelhante ao da média do período 2004-2011. O índice de vendas anual atingiu 57,2%, no ano passado, e também ficou próximo dos 60,2% relativos a 2004-2011. Esse índice foi de 70,3% em 2010, porcentual recorde.

O Secovi avalia os dados da capital e da Grande São Paulo. No País, a construção civil avançou 3,6%, em 2011. Entre as peculiaridades do mercado paulistano estão o custo elevado dos terrenos, em razão da escassez de áreas edificáveis, e as restrições à construção.

Mas, como a demanda por habitação é forte, os preços subiram muito. O setor enfrenta ainda limitações físicas, como a falta a mão de obra. Há atrasos na entrega das obras, que aumentam os custos. E cresceu o número de reclamações dos mutuários. Uma acomodação dará tempo para a correção dos problemas.

O presidente do Secovi, Claudio Bernardes, chamou a queda de 2011 de "freio de arrumação". Mas as construtoras terão de se adaptar às mudanças de mercado. Entre 2010 e 2011, o estoque de imóveis novos subiu quase 20%. O crescimento projetado para as vendas deste ano é modesto, da ordem de 3,5% a 4%. E a demanda está concentrada em imóveis menores. Das 37,7 mil moradias lançadas em 2011, só houve aumento nas de um dormitório (54%). Os imóveis de um e dois dormitórios representaram 63,3% dos lançamentos, ante cerca de 60%, em 2010.

A oferta de crédito cresceu 42%, com recursos das cadernetas, mas o ritmo das contratações tende a recuar, conforme as primeiras indicações. Os agentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que operam com recursos das cadernetas, preveem expansão de 30% em 2012.

Os fundamentos do mercado imobiliário brasileiro são positivos: a demanda será elevada, pois há déficit de moradias, a mobilidade social é acentuada e há crédito, do SBPE e do FGTS. A desaceleração equilibra oferta e demanda, contribuindo para estabilizar os preços dos imóveis.
Blog Widget by LinkWithin

Nenhum comentário:

Postar um comentário