quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Construtoras se antecipam e já oferecem prédios em BH com hidrômetros individuais

 Estado de Minas - 

Projeto de lei aprovado em segundo turno na Câmara prevê a obrigatoriedade do equipamento


Francisco Antônio de Oliveira concorda que um não deve pagar pelo consumo do outro

O rateio do consumo de água é sempre um assunto polêmico em condomínios. Como a maioria dos prédios tem apenas um hidrômetro, o gasto é dividido igualmente entre os apartamentos, o que costuma gerar reclamação. Quem mora sozinho, por exemplo, questiona a obrigatoriedade de pagar o mesmo valor de uma família numerosa. Será realmente justo?

A discussão volta à cena com a aprovação pela Câmara Municipal de Belo Horizonte de um projeto de lei que prevê a instalação de hidrômetros individuais nos novos prédios. A regra daria fim à polêmica, pois cada apartamento teria um medidor e o morador pagaria pelo que realmente tivesse consumido. Mesmo sem o parecer do prefeito Marcio Lacerda, algumas construtoras se anteciparam e já oferecem medição individualizada de água.

Em busca de diferencial, a Patrimar constrói prédios com hidrômetros individuais. O primeiro, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul da capital, será entregue em abril. A supervisora de novos projetos Marta Leão observa, no entanto, que a demanda ainda está restrita aos clientes de alto luxo. “Se não virar lei, os hidrômetros individuais não vão ser inseridos no cotidiano de todo mundo. Até porque isso gera um custo para a construtora.”

Como considera uma tendência irreversível, há um ano o supervisor de projetos da Habitare, Alfredo Coscarelli, optou por planejar os edifícios com espaço para o hidrômetro individual, independentemente da aprovação da lei. “Não faz sentido você pagar a mesma cota de seu vizinho que é um consumidor voraz. Além disso, a medição individualizada vai gerar racionalização de água e trazer benefícios ecológicos”, pontua. A construtora vai entregar os prédios com toda a infraestrutura necessária para que, caso o condomínio vote a favor, o proprietário possa instalar o medidor individual. Os medidores vão ficar em um armário no hall de entrada.

Se for sancionada, a lei dos hidrômetros individuais valerá apenas para as novas construções. Nos prédios antigos, a instalação só será possível com a aprovação da maioria dos condôminos. Foi o que ocorreu no edifício onde mora o empresário Francisco Antônio de Oliveira, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH. Dois anos depois de o prédio ficar pronto, os moradores decidiram individualizar a medição do consumo de água. “Apesar de ter ficado mais oneroso, pois a minha taxa de condomínio aumentou, acho justo. São seis pessoas aqui em casa e um não pode pagar pelo consumo do outro.”

O único inconveniente, na opinião de Oliveira, proprietário da cobertura, é a quantidade de hidrômetros para administrar na residência. São sete, no total: um fica no terraço, outro na cozinha, um na dependência de empregada, dois no banheiro social e dois na suíte para separar água fria da quente, que vem do aquecedor solar. Todo mês, ele anota a medição de cada aparelho e envia para a administradora do condomínio, que faz o cálculo da taxa.

O engenheiro civil David Thomaz Neto, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), considera um avanço já que, anos atrás, nem se discutia economia de água. Mas ele acredita que a mudança vai aumentar os gastos da empresa de saneamento. “Atualmente, o leiturista olha em um único relógio qual foi o gasto do condomínio. Com a medição individualizada, em um prédio com 200 unidades ele terá que fazer 200 leituras”, observa Neto.

Aguardando sanção

O projeto de lei que obriga as construturas a instalar hidrômetros individuais nos novos prédios, sob pena de não obter o Habite-se, é de autoria da vereadora Pricila Teixeira (PTB). A proposta vale para as edificações com três ou mais andares, seja de apartamentos, salas, lojas ou conjuntos habitacionais. Aprovado em segundo turno pela Comissão de Justiça da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o projeto de lei deverá ser enviado no mês que vem para sanção ou veto do prefeito Marcio Lacerda.
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